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Coreto, Analog

Analog: Analógico, o nome do disco, repuxa um pouco o sentido mais etimológico da palavra, utilizando-a basicamente em oposição a digital: acústico, natural, directo; contrapondo-a à artificialidade do digital. Mas se tudo é acústico – natural – (com excepção para a guitarra electrificada) em Analog, nos recursos materiais, ele é artificioso, engenhoso, na composição e execução, e nos arranjos, indissociáveis da composição. O analógico assume-se mesmo, por vezes, como provocação, na simulação do digital, ou na introdução do segundo tema (SOS) onde o piano imita um instrumento digital compondo os nove sinais de Morse de «SOS», que inspiram afinal apenas o desenvolvimento do trecho.

No equilíbrio instável entre composição e improvisação que sempre esteve presente na definição de Jazz, a escrita fica a ganhar em Analog, mas há muito de liberdade na própria interpretação dos temas que advém da personalidade dos músicos, para além dos espaços próprios deixados para a improvisação, e que se revela subtilmente nos voicings e aqui e ali nas intervenções dispersas em todo o disco.

Dodecateto composto de alguns dos melhores músicos de Jazz nacionais (oito sopros e secção rímica alargada e interventiva), da fortíssima escola do norte (Porta-Jazz), este seu quarto disco é um verdadeiro monumento, onde a autoridade composicional e a erudição de João Pedro Brandão se revela de forma definitiva: colectivo democrático, onde todos intervêm, o Coreto teve neste quarto disco, de novo, a direcção, e a escrita, do saxofonista.

Modernidade, erudição, engenho, sem pontos fracos, música cheia, séria, convicta, sem hesitações e sem concessões, Analog - que foi para mim o melhor disco de Jazz nacional de 2017 – é um exemplo maior da seriedade e maioridade da música que se faz em Portugal, a necessitar também do reconhecimento internacional.

 

João Pedro Brandão, sa, f
José Pedro Coelho, st
Hugo Ciríaco, st
Ricardo Formoso, t
Susana Santos Silva, t
Andreia Santos, trb
Daniel Dias, trb
AP , g
Hugo Raro, p
José Carlos Barbosa, ctb
José Marrucho, bat

Analog, Coreto, Carimbo Porta-Jazz 2017

 

 

 

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